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Chuvas em Vitória de Santo Antão - E agora José?

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,

e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!


Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?



Informações Complementares: Portal Passei Web
Poema: José - Carlos Drummond de Andrade 

3 comentários:

  1. dennisanderson23@hotmail.com4 de maio de 2011 às 14:58

    José eu não sei, só sei que eu saí da molhadíssima cidade da Vitória de Santo Antão no início da tarde desta última terça-feira (03 de maio de 2011) tal qual um retirante à "Morte e Vida Severina" Só que fugindo das turbidas águas e não da seca devastadora hauhauhuahuah Vamo criar um novo livro e o tema será "Severina à procura do sol, senão ela morre afogada" esperando as casas populares tão prometidas por nossos políticos, longe das margens do Rio Tapacurá...

    ResponderExcluir
  2. Sem querer tirar sua razão Dennis,
    vale dizer que as casas foram construidas, mas do que adianta, se quando sao entregues os proprios cidadaos vendem e voltam a morar na beira do rio por ser proximo ao centro.

    Roberto <<

    ResponderExcluir
  3. Triiiiiiiiiiiiiiiiiste!!!!!!!!

    ResponderExcluir

Opinião é como cheque: todo mundo pode emitir, mas não necessariamente vale alguma coisa. Respeito é bom e todo mundo gosta.

 

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