Todos os anos, no mês de Novembro, o Movimento Negro realiza atividades
em comemoração ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20, em homenagem
a Zumbi dos Palmares, traído e assassinado no ano de 1695.
Em Pernambuco, as atividades foram abertas oficialmente com a realização
da 6ª Caminhada de Terreiros, realizada na última segunda-feira (05/11), em
Recife, que reuniu mai de 10 mil pessoas, entre representantes de cerca de 2000
templos de religiões de matriz africana e/ou ativistas e representantes de
entidades que fazem a luta contra o preconceito racial.
Além de uma justa homenagem a Mãe Amara de Aganjú, Pai Adolfo de Sàngó,
Pai Paulo Braz (neto biológico de Pai Adão) e Mãe Biliu, que morreu em Agosto,
a Caminhada serviu como protesto contra medidas recentes tomadas em Pernambuco
e que prejudicaram a luta do movimento negro:
O primeiro ponto combatido pelo movimento é a chamada “Lei do Silêncio”
que tem atingido os templos tradicionais, causando constrangimentos durante a
realização dos rituais próprios dessas religiões e que não prevê essa questão.
O segundo ponto, pode parecer bem específico de Recife, mas não é. Há
mais de doze anos o Movimento Negro Unificado realizava uma atividade que ficou
conhecida nacional e internacionalmente como o principal polo de resistência da
cultura afro em Pernambuco, a “Terça negra”. Um espaço para o encontro entre o
tradicional e o novo, produzidos pelas comunidades, do Afoxé, ao Rap, do
maracatu, ao Reggae e que este ano teve seu financiamento cortado pela
Prefeitura de Recife, simplesmente porque “esqueceram” de incluir no orçamento.
Não estamos falando de uma atividade esporádica ou experimental. Estamos
falando de uma importante iniciativa de formação de valores e difusão de
cultura, que acontecia de maneira perene e que contribuiu demais para a
visibilidade das comunidades afrodescendentes de todo o estado, além da geração
de emprego e renda (perguntem aos trabalhadores do comércio ambulante e mesmo
para os funcionários e empresários do Pátio de São Pedro). A revolta do público
e da comunidade afrodescendente de Recife gerou um protesto que se repetirá
todas as terças-feiras deste mês, a partir das 18h: a Terça da Resistência
Negra, ocupação cultural do Pátio de São Pedro, com atrações diversas e
voluntárias.
Mais que a falta de cachê para grupos culturais populares de qualidade
ou a retirada do palco para que estes se apresentassem, o fim da Terça Negra
representou um ataque a uma parceria que era realizada pelo MNU e a PCR, que
trazia benefícios a toda a população. Há quem sustente inclusive o argumento de
que essa iniciativa atenderia a interesses privados de olho nos turistas que
virão ao estado durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Espero que
esses estejam errados, pois seria de uma idiotice tremenda acabar com uma
iniciativa que deu certo, já havia se tornado tradicional e atendia a uma
demanda cultural reprimida para substituí-la por outra com o mesmo sentido e se
for pra substituir por outra com objetivos diferentes, terão que enfrentar a
resistência de um público já acostumado com a anterior.
Blog
Deu o Carai em Vitória
Texto
extraído integralmente do Blog Acerto de Contas
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