E chega o dia 31 de agosto e o Governo não mostra disposição alguma para
negociar com os professores em greve.
Por outro lado, somos representados por dois sindicatos, um pelego e
outro corporativista, que acredita que mérito acadêmico é algo que deva ser desprezado
nas universidades. E não estou aqui falando do produtivismo bisonho que temos
hoje, onde a produção científica tem menos impacto que um artigo da Revista
Capricho, mas de um reconhecimento efetivo e amplo por parte do sistema.
O resultado de anos nesta situação dúbia, com representação sindical
distorcida e um Governo autoritário, é esta universidade capenga que
temos.
Orçamentos bilionários, como o da UFPE, e ao mesmo tempo salas de aula
superlotadas e calorentas, banheiros que se assemelham aos de presídios,
prédios caindo aos pedaços (como o CFCH) e professores desmotivados, já que não
há diferença funcional entre ser um profissional comprometido ou relapso.
Sou professor há 16 anos e nunca faltei a uma aula sequer, e ao mesmo
tempo, vejo colegas sem o menor comprometimento, que tratam seus alunos como se
fossem pessoas desprezíveis, tendo a mesma remuneração e ainda com mais espaço
porque serve aos interesses do “sistema”. O pior é que muitos desses não cabem
dentro da própria vaidade.
Que futuro tem uma organização como essa?
Já nos comandos das universidades, centenas de professores duelam por um
cargo comissionado, vendendo até a alma se preciso por uma gratificação. São os
educocratas, que via de regra têm horror à sala de aula e aos alunos. É a
politicagem em seu estado mais grotesco.
No fim de tudo, o resultado de uma greve justa acaba sendo pífio.
E tudo isto tem origem neste grupo que hoje ocupa o Ministério da
Educação, em particular os senhores Aloísio Mercadante e Amaro Lins.
Se mostram mais autoritários do que todos os que por ali passaram. Posso ter
divergências quanto à visão de nosso sindicato, mas ele nos representa, e só
posso considerar inaceitável encerrar as negociações sem nunca ter se reunido
para um discussão efetiva.
O pior é que acaba-se a greve e a instituição volta exatamente da mesma
forma: burocrática.
E nesta pisada quem sofre são os alunos. Justamente aqueles que deveriam
ser o centro das atenções de uma instituição de ensino.
Triste o fim disso tudo.
Blog Deu o Carai em Vitória
Texto extraído integralmente do Blog Acerto
de Contas
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