Os jornais brasileiros festejam hoje a notícia de que o Brasil superou o
Reino Unido e passa a ser, em 2012, a 6ª maior economia do mundo. Se mantidas as
condições de temperatura e pressão, é provável que ainda nesta década tomemos o
quinto lugar da França, cuja riqueza vem despencando há algum tempo. Mas
precisamos ainda comer muito feijão para encostar na quarta colocada, a
Alemanha, hoje o motor da economia europeia. E nem é preciso falar do Japão,
China e EUA.
As análises superficiais e ufanistas que eu li hoje esquecem que o
Brasil é ainda, infelizmente, um pobre país rico. Vamos aos números.
Estudo recente da Fundação Getúlio Vargas apontou que nos governos
Itamar Franco/FHC, com o controle da inflação, a pobreza teve redução de 32%. O
governo Lula conseguiu, via programa de transferência de renda, o Bolsa
Família, uma queda ainda maior: 50%.
Nota-se, pois, que a estabilização econômica somada a políticas públicas
compensatórias foi o pulo do gato brasileiro. Alie-se a isso a responsabilidade
fiscal – tão atacada pelo PT na sua criação, mas que mostrou-se extremamente
necessária.
Porém, todavia, entretanto…
Todo esse esforço de quase duas décadas serviu apenas para que o Brasil
retomasse os padrões de meados do século passado. Em 2010, atingimos 0,53 no
Índice de Gini – usado para medir desigualdade de renda; quanto mais perto de
zero, melhor a distribuição. Em 1960, o índice brasileiro era de 0,536. Nosso
pior momento foi no final do governo Sarney, quando Índice de Gini nacional era
de 0,609.
Devemos comemorar? Não sei. Se no âmbito da geração de riquezas estamos
colados com França e Reino Unido, na sua distribuição nossos colegas são
Zimbabue (Gini de 0,568) e Senegal (0,541). E perdemos feio para Ruanda (0,289).
No quesito desigualdades regionais, peguemos os dados do IBGE referentes
à renda por Estado e Região, entre 2002 e 2009. O Sudeste detinha 56,7% da
renda brasileira. Caiu para 55,3%. O Nordeste cresceu de 13% para 13,5%, o Sul
de 16,9 para 16,5%, o Centro-Oeste passou de 8,8 para 9,6% e o Norte passou de
4,7 para 5%. Isso mostra que, no governo Lula, houve um pequeno deslocamento em
favor das regiões mais pobres. Porém, em 2009, São Paulo (33,5%) e Rio de
Janeiro (10,9%) ainda detinham 44,4% da riqueza da nação.
Também é preciso observar as distorções, como o fato incontestável de
que o país foi sequestrado por alguns setores do funcionalismo público. Vejam
vocês: o Distrito Federal, cuja economia está lastreada basicamente nos
salários dos ‘barnabés’, teve renda per capita, em 2009, de R$ 50.438,46.
Enquanto isso, a segunda colocada, a região mais produtora da América Latina,
São Paulo apresentou renda por habitante de R$ 26.202,22. Praticamente a
metade. Ou seja, o Brasil produtivo paga as contas da velha e surrada
burocracia, que deixa muito a desejar na contrapartida de serviços públicos.
Eu lembro que no passado recente cunhou-se um slogan para justificar as
desigualdades de riqueza, fossem elas individuais ou regionais. Dizia-se: “É
preciso deixar o bolo crescer, para depois dividi-lo”.
Bem, o bolo cresceu. Quando é que a gente vai dividir???
Blog Deu o Carai em Vitória
Fonte: Blog Acerto de Contas
Lembra muito o paroco local, fazendo campanha ao lado do nosso ilustre prefeito das promessas não cumpridas.
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